Redução de mama interfere na amamentação?

Essa é uma das perguntas mais comuns no consultório e, geralmente, vem carregada de insegurança. Muitas pacientes chegam dizendo que desejam muito reduzir o volume das mamas, aliviar dores e desconfortos, mas têm medo de “perder a chance” de amamentar no futuro.
A resposta mais honesta e profissional é: pode interferir, mas não significa que toda mulher ficará impossibilitada de amamentar. Tudo depende de fatores como a técnica cirúrgica utilizada, a anatomia da mama, a preservação dos ductos mamários e a individualidade do organismo de cada paciente. É exatamente por isso que essa conversa precisa acontecer antes da cirurgia, de forma clara e responsável.
Durante a cirurgia de redução de mama, parte do tecido mamário é removida, o que pode incluir glândula, gordura e pele. As técnicas modernas priorizam a preservação do complexo aréolo-papilar e das estruturas responsáveis pela produção e condução do leite sempre que possível. Em muitos casos, os ductos não são totalmente seccionados, o que mantém a possibilidade de amamentação.
Estudos médicos mostram que mulheres submetidas a técnicas que preservam a conexão entre a glândula mamária e o mamilo apresentam taxas significativas de sucesso na amamentação, ainda que, em alguns casos, a produção de leite possa ser parcial. Ou seja, não é uma resposta “sim ou não”, mas um cenário que precisa ser individualizado.
Outro ponto importante que explico nas consultas é que a capacidade de amamentar não depende apenas da cirurgia. Mesmo mulheres que nunca passaram por nenhum procedimento podem ter dificuldades na produção de leite. Hormônios, estímulo adequado, pega correta do bebê e acompanhamento especializado fazem toda a diferença. Em pacientes que realizaram a redução de mama, esse cuidado se torna ainda mais importante.
Muitas conseguem amamentar de forma exclusiva, outras de maneira complementar, e algumas podem precisar de fórmulas como apoio. Nenhuma dessas situações significa falha, mas sim adaptação à realidade de cada corpo.
Por isso, quando a paciente ainda deseja engravidar ou amamentar no futuro, essa informação deve ser levada em consideração no planejamento cirúrgico. O papel do cirurgião é orientar, alinhar expectativas e escolher a técnica mais adequada para aquele caso específico, sempre colocando na balança os benefícios da cirurgia e os possíveis impactos a longo prazo.
A redução de mama transforma a qualidade de vida, reduz dores, melhora postura e autoestima, mas precisa ser indicada e realizada com responsabilidade. Quando essa decisão é bem orientada, a paciente se sente segura, confiante e consciente de todos os aspectos envolvidos.





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